O juramento do Engenheiro de Software

Florence Nightingale Pledge

Florence Nightingale Pledge

É mais que sabido, repetido e divulgado, que o software faz parte da vida moderna. Conscientemente ou não, todo mundo interage com algum dispositivo que é controlado por software, no mínimo no telefone celular que boa parte da população possui. Com essa explosão nas aplicações e nas oportunidades do setor de produção de software, volta sempre à tona o assunto ética em computação. Que resulte em um código de conduta que possa ser tomado como guia para os produtores de software, contendo princípios morais que balizem as relações dos engenheiros de software com o seu trabalho e com a sociedade onde o produto do seu trabalho vai ser utilizado.

Esse é um tema mais que atual nas disciplinas de engenharia de software, que veio chegando devagar e hoje ocupa os primeiros capítulos dos bons livros da área. Como, por exemplo, na oitava edição do livro Engenharia de Software do Ian Sommerville, o tema veio para o primeiro capítulo. Nos livros de Sistemas de Informação que adoto, da dupla Kenneth Laudon e Jane Laudon, sempre tem um capítulo específico sobre ética e impactos sociais, que é obrigatório para complementar a formação dos alunos. O grande desafio é: como fazer para disseminar um código de conduta entre nossos alunos, de forma tal que façam parte do seu cotidiano como profissionais da engenharia de software?

Depois que descobri o Juramento do Engenheiro de Software, que fiz questão de traduzir e de levar para a sala de aula e evidentemente cobrar como assunto de prova, acho que o desafio ficou mais fácil de encarar. Um texto curto e grosso, que com poucas palavras traduz o que deveria ser um princípio de código de conduta. Fácil de lembrar, fácil de entender, simples para ser discutido na sala de aula, e para  ser utilizado na análise de casos sobre o tema. Que poderia significar para os engenheiros de software o mesmo que As três leis da robótica significam para os robôs. Reflitam…

JURAMENTO DO ENGENHEIRO DE SOFTWARE

Juro solenemente não causar dano ao software sob minha responsabilidade, não adotar propositalmente nenhuma prática danosa, e não utilizar nenhuma técnica, método ou ferramenta que eu não entenda em sua plenitude. Fervorosamente, prometo não me dedicar a práticas deletérias ou maléficas. Farei tudo ao meu alcance para expandir meu conhecimento e habilidades, e lutarei para manter e ajudar a elevar os padrões éticos da minha profissão. Com lealdade me empenharei para ajudar os clientes e usuários atingirem seus objetivos, manterei bem guardada toda e qualquer informação que chegar ao meu conhecimento na prática profissional, e me empenharei profundamente para que os projetos sob meus cuidados sejam desenvolvidos com ética e profissionalismo. (adaptado por Phillip A. Laplante, a partir do Juramento Profissional dos Enfermeiros, autoria atribuida a Florence Nightingale, publicado na revista ACM Queue de Junho de 2004)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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Publicado em Educação, Engenharia de Software, Social
5 comentários em “O juramento do Engenheiro de Software
  1. Zé, muito bacana, acho que todos deveriam seguir este juramento, em especial o trecho : “e não utilizar nenhuma técnica, método ou ferramenta que eu não entenda em sua plenitude”, que pelo menos na minha equipe 95% não o seguem.

    Abraços

  2. Léo disse:

    Zé,

    Você não acha que “e não utilizar nenhuma técnica, método ou ferramenta que eu não entenda em sua plenitude” ficou um pouco vago? O que seria “em sua plenitude”? 100%? Dá para conhecer alguma “técnica, método ou ferramenta” 100% sem utilizar?

    Abraços

  3. Eu entendo essa parte como “não seja irresponsável a ponto de assumir algum compromisso para usar conhecimento ou ferramenta sobre as quais você não tenha conhecimento suficiente”. Mas, é um juramento e não uma lei, as coisas devem mesmo ser interpretadas, se for detalhar cada parte, transforma-se em um estatuto… que ninguém vai cumprir pois ninguém vai se lembrar dos itens… quanto mais simples melhor. Abraco,

  4. Léo disse:

    Entendi, Zé! Como dizem: “sendo assim, sim” 🙂

    Abraços!

  5. Olá Professor José Luis,

    Acredito que essas condutas sejam realmente importantes, mas gostaria de expor minha opinião em dois pontos!

    “Com lealdade me empenharei para ajudar os clientes e usuários atingirem seus objetivos, …” – Já participei de alguns projetos onde querer ajudar o cliente era o menor dos problemas, mas o desafio era o cliente deixar q a equipe o ajude, e com isso, o desgaste em ter o cliente ao nosso lado e não contra nós era muito maior do que pensar em entregar soluções realmente viaveis!

    ” …manterei bem guardada toda e qualquer informação que chegar ao meu conhecimento na prática profissional, …” – Concordo em partes, pois se essas informações fizerem parte dos negócios do cliente, como dados da empresa, esse conceito é válido, mas quanto ao conhecimento adquirido na criação do software, isso vai contra os principios do software livre, q queiram ou não, esta se mostrando muito viavel para várias empresas de porte internacional, e vários projetos de respeito hoje no mercado!

    Enfim, muito bom o seu texto e seu esforço em fazer os alunos debaterem esse assunto! Posso dizer que em minha universidade(Mackenzie) tb temos professores como o Professor Dr. Calebe e Paula q esta fazendo trabalho muito bom nessa área.

    Grande abraço!

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