Empreendedorismo e inovação: como incentivar?

Estava lendo um artigo na revista EXAME 985, 09/02/2011, sobre o projeto chileno para tentar catalisar a inovação e o empreendedorismo no pais, seguindo o exemplo do Vale do Silicio na California, que serve de bom modelo para vários paises pelo mundo afora. O modelo é conhecido: fortalecer uma universidade de pesquisa na região; construir um parque tecnológico; oferecer incentivos fiscais. Se fosse fácil assim, teriamos vários vales do silicio ao redor do mundo, num ciclo virtuoso e sustentável. O prof. Silvio Meira cita o ponto de vista dele, se ele fosse o governo: educar para o empreendedorismo; incentivar o empreendedorismo; tirar o governo fora da jogada para não atrapalhar em nada (as palavras não são exatamente essas, mas a ideia é).

A ideia adotada no Chile é atrair empreendedores e empresários do mundo todo que queiram ir para o Chile em troca de visto de trabalho por um ano, espaço gratuito para escritórios, mentoring, networking com investidores e US$40.000 para investir no primeiro ano do negócio. Com essa iniciativa, já conseguiram atrair alguns empreendedores e empresários de outros paises que estão se instalando em Santiago, dando inicio a o que talvez seja uma iniciativa de sucesso aqui abaixo da linha do Equador.

Bom, e ai fiquei pensando se nós temos iniciativas dessa natureza aqui no Brasil, e onde elas estão. Claro, temos muitas, espalhadas pelo pais, acontecendo devagar e silenciosamente, transformando algumas regiões em polos de desenvolvimento, associadas com universidades fortes na mesma região. Em Recife, por exemplo, temos o Porto Digital, um polo de desenvolvimento na área de TI e que conta com uma incubadora. Por lá também temos o CESAR, uma empresa gestada no Instituto de Informática da UFPe, e que hoje tem vida própria fora de lá e que ajuda a fomentar o empreendedorismo e criação de empresas na região. Em outras regiões do pais há iniciativas similares, seguindo o mesmo modelo, tanto no nordeste quanto cá pelo sudeste e sul. A região de Campinas, por exemplo, tem vários exemplos  incluindo o programa Softex, iniciado na década de 1990 pelo governo federal e hoje nas mãos da iniciativa privada.

Em Belo Horizonte, temos a FUMSOFT – Sociedade Mineira de Software,   que mantém uma incudadora já antiga na área de TI, e mantém o CCOMP-Centro de Competência em mpsBR e CMMI, responsável pelo grande crescimento de empresas certificadas nesses dois programas de melhoria de qualidade em desenvolvimento e gerência de software.  A região de BH tende a se transformar em um polo de tecnologia em curto espaço de tempo, a biotecnologia é um exemplo incentivado na cidade. Na UFJF, em Juiz de Fora, foi criado o CRITT – Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia, uma iniciativa de sucesso no interior de Minas.

Na Universidade Federal de Viçosa foi criada uma Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, hoje ligada diretamente ao CENTEV/UFV- Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa, e responsável pela criação de várias empresas de base tecnológica que hoje funcionam na cidade de Viçosa, gerando empregos, tecnologia e inovação. Na cidade de Viçosa, por iniciativa dos empreendedores e empresários e apoiado pelo governo do Estado e pela SECTES – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado, com apoio também do SEBRAE, temos o  Arranjo Produtivo Local em TI, que foi instalado há pouco tempo e hoje já congrega várias empresas, crescendo ano a ano e ajudando a expandir a ideia pelo interior do nosso estado. No rastro desse desenvolvimento, começamos no Departamento de Informática um convênio com o CCOMP-FUMSOFT para interiorização do modelo mpsBR e sua implementação nas empresas de TI de Viçosa e região. Começamos em 2009 com uma implementação de sucesso na empresa CIENTEC, que hoje é nivel G do mpsBR. No rastro desta primeira experiência bem sucedida, estão sendo iniciadas nesse mês de março de 2011 mais duas implementações mpsBR nivel G em empresas de Viçosa, uma delas de órgão público.

Bom, isso é apenas o que eu estou me lembrando aqui, em poucos minutos. Se formos correr o resto do pais, vamos descobrir outras iniciativas em outros estados, não tenho os dados de todos. E ai, somos empreendedores? o pais incentiva a inovação? Claro que sim, os exemplos estão ai, basta arregaçar as mangas e botar o bloco na rua. Claro que há dificuldades, nossa legislação é cruel com o empreendedorismo, tudo muito confuso e caro, mas isso só vai mudar quando houver pressão suficiente de baixo para cima, ou seja, temos que ter muitas iniciativas para termos força politica e conseguirmos influenciar as grandes decisões na área. Somente ai é que vamos ver as mudanças acontecerem.

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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Publicado em Educação, Empreendedorismo, Inovação
Um comentário em “Empreendedorismo e inovação: como incentivar?
  1. railer disse:

    as escolas e universidades poderiam atuar mais nesse ponto também, formando empreendedores. eu gostei de ter tido uma disciplina sobre isso, mesmo sendo uma, mas que mostrou um outro mundo.

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