No teto do mundo

imagem Peguei a referência do livro No teto do mundo na revista Alfa, que leio regularmente. Descrito como livro de aventuras, escalada de alta performance e de superação, ótimos temas para uma leitura de férias que começariam no final de janeiro. Como é o estilo que me agrada, apostei nos comentários da revista e comprei o livro, que chegou logo. Dei uma primeira folheada, olhei as fotos, folheei de novo, e larguei outros livros que estava lendo e meti a cara neste livro, que se revelou fantástico, prazeroso, bem escrito, bem sequenciado, relatos vivos que transportam a gente para o ambiente das montanhas do Everest e do Aconcágua. E que me fizeram voltar para a geografia de colégio usando o aplicativo World Atlas da National Geographic para o iPad, que aproveito para recomendar, é ter o mundo nas mãos com um monte de informação de primeira qualidade.

O livro pode ser lido como apenas um livro de aventuras, que é o tema principal. Escaladas de montanha, perigos, escorregões, equipamentos, condicionamento físico, aclimatação, alimentação, botas triplas para neve, crampons, barracas, transporte de alimentos e equipamentos pelas montanhas, etc. Mas, na minha visão de engenheiro de software focado em gerência de projetos, o livro é antes de mais nada uma aula viva em planejamento e execução de projetos de alto risco e alta periculosidade. Lições e mais lições nessa área, embora nada tenha sido escrito com a intenção de ser lição de gerência de projetos. E ainda por cima, focado na colaboração, indispensável nesse tipo de aventura.

O monte Everest, como todos se lembram, fica na cordilheira do Himalaia, entre o Tibet e a China. Exatamente pelos riscos e desafios que oferece, é uma meta  perseguida, principalmente quando escalado na sua face norte, que é a voltada para o Ártico, mais fria e que recebe os ventos e nevascas mais fortes, apresentando os maiores desafios (razão do nome da marca de equipamentos de aventuras The North Face). O outro enorme desafio fica cá embaixo do globo, é o monte Aconcágua, que fica nos Andes entre o Chile e a Argentina, que tem na sua face sul o maior desafio de escalada, com um enorme paredão liso que tem que ser vencido.

O relato do livro é focado nas escaladas dos dois montes, e nas tentativas sucessivas do autor Rodrigo Raineri e seu parceiro Victor Negrete/Sueli Rumi de escalarem o Everest. Victor morreu numa das tentativas de escalada, numa passagem linda relatada no livro. Anotei algumas partes do livro, o que sempre faço com qualquer livro que leio com meu caderninho Tilibra do lado: para não se perder na natureza, tem que olhar para diante e para trás (o que se aplica muito bem na vida real); ponto de não retorno é o ponto a partir do qual só dá para ir adiante, não dá para voltar (ponto de decisão sobre risco máximo em uma escalada, ou vai ou racha); febre do cume, perda da capacidade de decisão diante da alta dose de adrenalina injetada pela possibilidade de chegar ao cume (também muito relacionado com a vida real); ética na montanha: quando ajudar o outro, ou deixar de ajudar?;  roubo de equipamentos e alimentos nas altas altitudes (onde tem ser humano, essas coisas vão acontecer sempre); efeito albedo: calor do sol em altas altitudes e na neve, é irradiado por todos os lados, calor chega mais rapidamente. 

O livro foi escrito a partir dos relatos e gravações do Rodrigo Raineri e Victor Negrete, e produzido por Diogo Schelp, editora Leya, São Paulo-SP, 2011. Rodrigo Raineri tem a empresa Grade6, dedicada aos esportes e turismo de aventura, vejam o site, vale a pena. E eu, se fosse mais novo e com mais energia, me arriscaria em alguma escalada com a equipe do Rodrigo, nem que fosse nas montanhas mais baixas das Minas Gerais. Everest e Aconcágua, só se for lá na base, primeiros metros, só para entender melhor os desafios.  Leitura mais que recomendada, aprendi demais.

Atualização 14/04/2012 Comentário sobre o  livro, coluna do Ricardo Setti, site da Veja.

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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2 comentários em “No teto do mundo
  1. Vou “costurar” minha “solteira” em sua “cordada” e acrescentar mais um pouco de motivação aos seus seguidores para que atendam à sua dica de leitura. Conheci Rodrigo Raineri em uma palestra sobre o Everest por ocasião da ADVENTURE SPORTS FAIR 2011 em São Paulo. Fala mansa, bem humorado e atencioso, Rodrigo é respeitado não só por seus feitos, mas pela capacidade de avaliar o risco e abortar escaladas. Acredito estar aí sua maior virtude. A despeito do investimento financeiro, pressão de patrocinadores e da proximidade do cume, desistir para voltar em segurança e tentar em outra oportunidade. É fato que a ausência desse discernimento já ceifou as vidas de vários alpinistas. NO TETO DO MUNDO narra algumas dessas histórias e como sou piloto de parapente vou destacar o capítulo – O SONHO DE VOAR – Raineri tornou-se piloto de parapente para buscar o sonho de decolar do pico de Everest. Vamos acompanhar esta aventura que certamente vai se confirmar. Aproveito para sugerir a você Zé Luís outro título que narra uma das histórias mais impressionantes de sobrevivência em alta montanha : TOCANDO O VAZIO de Joe Simpson. Trata-se de uma obra um pouco mais técnica a leitura depende de certo conhecimento de escalada, mas há um glossário que salva. Quanto ao desejo de testar seus limites, agendei para os dias 274 a 015 uma subida ao pico da Bandeira. Você é meu convidado.

    Costurar – Passar a corda pelo interior de um mosquetão preso à rocha

    Solteira – Corda curta que está fixada à cadeirinha do escalador e na outra extremidade é composta de um mosquetão.

    Cordada – Escaladores unidos por uma corda

    • alessandro, obrigado pela visita e pelo comentario, e pela indicacao do livro. quanto ao Pico da Bandeira, ainda nao sera possivel por enquanto. mas vou me aposentar em breve, e voce vai poder contar comigo vez por outra. abraco,

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