Acumulação compulsiva

Temos uma vizinha que, seguramente, tem uns 40 cachorros  na casa dela. Todos de raça, de todo tipo, tamanho e qualidade de latido, e também fedorentos como qualquer outro animal sem os devidos cuidados de higiene. Latem o dia todo, a noite toda, infernal e insuportável, incomodam não apenas aqui em casa, mas toda a vizinhança, e bem no centro da cidade. Pior de tudo, é que legalmente é dificilimo fazer alguma coisa para garantir minha tranquilidade, embora possa ser tentado, já até conversei com advogados e juizes sobre o problema. O ser humano perde qualquer argumento ou briga contra animais de modo geral, é mole? Passamos a ser a espécie desfavorecida do planeta, tudo tem prioridade acima da nossa.

images Enfim, um dia desses, estava no meu esporte noturno predileto que é rodar os canais da tv a cabo para achar alguma coisa que eu queira ver, e topei com um programa no Animal Planet que me chamou a atenção. Sobre pessoas que acumulam compulsivamente qualquer coisa, animais incluidos. Coisas inimagináveis, pessoas que catam lixo na rua e levam para casa, pegam animais e levam para dentro de casa, sujeira total, doenças, familias destroçadas, etc. E ai descobri que esse troço tem nome: Acumulação compulsiva (ou acumulação patológica ou disposofobia), segundo a Wikipedia. É considerada uma síndrome, que é o nome genérico de qualquer comportamento que se afaste muito do que é considerado normal na nossa cultura: é o grupo ou agregado de sinais e sintomas associados a uma mesma patologia e que em seu conjunto definem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica (Wikipedia). Não é inicialmente considerado uma doença, mas sim um quadro médico que necessita atenção. A acumulação de animais (de estimação), do inglês animal hoarding ou Sindrome de Noé, é uma manifestação particular desses sintomas.

Resolveu meu problema? claro que não, mas pelo menos fiquei mais esclarecido sobre a questão. Na verdade meu problema já está sendo resolvido, com a instalação de janelas duplas onde o barulho incomoda mais. Solução barata e simples, que resolveu parte do problema. Como eu moro no centro da cidade, estou rodeado de barulho por todos os lados. Ganho em segurança, mas perco no barulho, mas certamente ainda saio lucrando.

Atualização 09/05/2012: notícia publicada no G1 sobre um problema semelhante, enviado por uma leitora do blog (obrigado!)

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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Publicado em Reflexões, Saúde, Social
4 comentários em “Acumulação compulsiva
  1. railer disse:

    você devia ver o programa ‘acumuladores’, na discovery.
    sinistro.

  2. daniellainacio disse:

    Zé, no Discorery Home & Health tem o programa Acumuladores. Você fica impressionado com o tipo de coisa que as pessoas acumulam. Vou ser sincera: não consegui assistir a um episódio inteiro, porque tive nervoso. Fiquei com nojo da casa da senhora que acumulava TUDO: até comida!!! É inacreditável.
    Mas agora tenho uma boa notícia pra você: com essa onda de maus tratos a animais, ficou mais fácil acabar com esse tipo de situação. É só você avisar a CCZ de Viçosa, fazer uma denúncia de que há animais com maus tratos e eles vão verificar. Se realmente for constatado que a sua vizinha não tem condições de cuidar dos cachorros, eles os tiram daí.

  3. Karen Andrade disse:

    Caro Daniel devo lhe informar que não basta retirar os animais pois como o próprio amigo Zé Luis disse trata-se de uma doença, e uma doença mental ou seja, uma psicopatologia que está associada a diversas patologias como TOC, Esquizofrenia e outras, portanto apenas agir nos efeitos que são a acumulação de objetos ou animais não surtirá resolutividade que gostaríamos. Eu sou bióloga no CCZ de Guarulhos -SP e aqui nós temos muitos casos de acumuladores que eu acompanho, inclusive de uma pessoa que possui 210 animais entre cães e gatos, nós estamos trabalhando conjuntamente com a Saúde Mental e Assistência Social, pois como falei precisamos tratar a causa na sua integralidade e não o efeito, pois se retiramos hoje os animais ou os objetos e não tratamos o indivíduo que não reconhece a sua situação de doente, amanhã quando retornamos a situação é bem pior, além de talvez e muitas vezes acontecer de o indivíduo em questão surtar e até mesmo morrer pois vale ressaltar que, para eles aqueles objetos ou animais tem muito valor afetivo. Por isso ações isoladas não são as melhores soluções a serem tomadas.

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