Inovação e inovadores

Inovação é, antes de mais nada, um processo que depende de contexto, ambiente, colaboração, conversas, diversidade de ideias e de pessoas com formações diferentes no mesmo grupo,  pelo menos. Claro, ainda depende de inovações anteriores, pois dificilmente alguém saca uma ideia do zero, sem pelo menos tirar uma casquinha nas inovações que vieram antes, sem conhecer a história dos inovadores anteriores. Em tecnologia isto pode ser verificado com muita clareza, notoriamente quando se estuda a evolução rápida na área de computação como a conhecemos hoje.

Esta é a história contada no livro Os Inovadores: uma biografia da revolução digital, escrito por Walter Isaacson, autor conhecido por suas outras obras biográficas como o elogiado Einstein: sua vida, seu universo; Benjamin Franklin: an american life e o elogiadissimo Steve Jobs.  Começando por Ada Condessa de Lovelace e sua contribuição, passando por Herman Hollerith, Vannevar Bush, Alan Turing, 41JR53ryc5L._AA160_Howard Aiken, John Vincent Atanasoff, William Hewlett and David Packard, Konrad Zuse, John von Neumann, Grace Hopper, Gordon Moore, Robert Noyce, J.C.R. Licklider, Paul Baran, Douglas Engelbart, Alan Kay, Vint Cerf, Paul Allen, Bill Gates, Steve Jobs, Richard Stallman, Linus Torvalds, Tim Berners-Lee, Marc Andreessen, Larry Page e Sergei Brin, e vários outros. Algum nome conhecido dentre os citados acima? Todos têm contribuição forte no desenvolvimento da computação e dos computadores, formaram as bases para que os seguintes pudessem seguir adiante.

Marquei um monte de passagens do livro, para reler oportunamente (no Kindle ficam todas armazenadas no meu caderno de notas, ou MyClippings). Por exemplo, falando sobre a origem social dos computadores pessoais: “The roots of the personal computer can be found in the Free Speech Movement that arose at Berkeley in 1964 and in the Whole Earth Catalog, which did the marketing for the do-it-yourself ideal behind the personal computer movement.”   Mas quem poderia imaginar essa relação com o movimento hippie da década de 60? E é interessante, está bem relatado e documentado no livro. Quem diria! Outra parte muito interessante sobre o papel de alavancagem do VisiCalc (o avô das planilhas eletrônicas) sobre o Apple II: “VisiCalc comes alive visually… In minutes, people who have never used a computer are writing and using programs.” O impacto sobre a difusão do Apple II foi enorme, claro que microcomputadores têm que se apoiar no software para fazerem sucesso e atingirem seu mercado alvo.

Sobre a necessidade de competências complementares para habilitarem a inovação e sua difusão, falando sobre a parceria entre Robert Cailliau e Tim Berners-Lee: “They formed a partnership often seen in innovative teams: the visionary product designer paired with the dilligent project manager. Cailliau, who loved planning and organizational work, cleared the way, he said, for Berners-Lee to “bury his head in the bits and develop the software”.”  Uma passagem que me chamou muito a atenção, pois indica claramente como a Stanford University trata a questão das parcerias com a indústria: “This may have been a problem at universities where research was supposed to be pursued primarily for scholarly purposes, not commercial applications. But Stanford not only permitted students to work  on commercial endeavors, it encouraged and facilitaded it. There was even an office to assist with the patenting process and licensing arrangements.”  É um exemplo do ambiente que envolve a inovação em Stanford e que impulsionou totalmente o Vale do Silício, que muitos países tentam copiar como modelo. Mas se esquecem de copiar o resto do ambiente e as condições favoráveis que existiam e ainda existem por lá.

Recomendo especial atenção, se você for ler o livro, para o último capitulo, um fechamento muito interessante, muitas lições deixadas pelo autor.

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com) (from Viçosa, MG)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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