Vale do desespero ou beco sem saida?

2653192 Ganhei de presente o livro O melhor do mundo, do Seth Godin (Ed. Sextante). Apesar de falar sobre um tema até conhecido que é a curva de aprendizagem, a abordagem no livro é muito interessante. É um livro pequeno, letras grandes, dá umas duas horas de leitura ferrada, com um benefício incomparável.  A curva de aprendizagem é conhecida na economia desde 1885 quando foi  proposta, e desde então vem sendo usada regularmente. São vários modelos, e o desenho  de que mais gosto é o abaixo, que aparece no livro do Karl Wiegers e que uso nas minhas aulas de Engenharia de Software, que deixa muito claro qual é o problema (Karl Wiegers, Software Requirements, MS Press, 2003, figura 22.-5, página 394). A estória todo mundo conhece: você tem um determinado nivel de competência em alguma área, e resolve aprender alguma técnica nova, por exemplo, é um programador Delphi e resolve aprender Java para mudar de área. Assim que começa o processo de aprendizagem, sua competência em programação cai assustadoramente se comparada com a anterior,  e quanto mais você avança na linguagem Java, pior fica. Chega em alguns pontos em que a ideia de desistir começa a ficar mais constante, significa que você está no fundo do poço e talvez no momento errado de desistir. Dependendo do seu investimento de tempo no aprendizado, essa situação pode se arrastar por um bom tempo, ou pode ser abreviada em termos, pois não há como pular essa etapa de aprendizagem e assimilação, há um tempo mínimo. Quando você adquire a competência e o conhecimento necessários, começa a perceber melhorias em produtividade, e assim sucessivamente até chegar em outro nível de competência e vencer finalmente o vale do “desespero” como costuma ser chamado.

curvadeaprendizado-software-karl-wiegers

Seth Godin utiliza essa ideia de curva de aprendizagem na carreira profissional, citando três classes de situações comuns: o vão (que corresponde ao vale do desespero na curva de aprendizagem), o beco sem saida (blind alley ou dead lock)  e o abismo. Com esses três conceitos, o autor vai analisando situações e empurrando o leitor para fazer uma análise da sua própria carreira sob esses pontos de vista. O interessante do livro é que pode ser chamado de “pequeno notável”: curto, grosso, leitura rápida, e com um efeito espetacular se a gente souber fazer a análise com humildade. Quando terminei a leitura, percebi que estava entrando numa zona de conforto perigosa para o meu momento profissional atual de quase-aposentado, e iniciei um “processo de reversão”.  Recomendo, sem sombra de dúvida.

Atualização 24/01/2012: postagem sobre o livro no site do autor Seth Godin, com comentários

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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Publicado em Carreira, Dicas, Livros
3 comentários em “Vale do desespero ou beco sem saida?
  1. railer disse:

    gostei da dica e da descrição que você fez do livro!
    vou colocar na minha lista do linkedin.

    tou quase acabando de ler ‘inspired – how to create products customers love’ e depois vou ler os dois do guy kawasaki, inclusive aquele que você me recomendou.

    abraços!

    • o Enchantment, do Kawasaki, está na fila da Amazon, vem na próxima compra. vou ler sua postagem sobre Agatha Christie, já li muitos livros dela, mas já tem um tempão que eles não voltam para a fila, pode ser um reencontro… abraço,

  2. railer disse:

    by the way, acabei de falar no blog sobre um livro da agatha christie que é muito bacana e, pra mim, um dos melhores dela. se te interessar leitura de mistério, suspense e final surpreendente, vale a pena.
    o livro é pequeno e fácil de ler, além de ser bem envolvente.

    abraços!

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