Embarques e desembarques

Há umas duas semanas, um amigo que estava em viagem pela Europa, me enviou um zapzap, reclamando que ficou 27 minutos na fila de desembarque aqui no Brasil. Até então, não tinha reclamado de nada disso, só fotos de bons momentos. Em sua homenagem, vamos aos embarques e desembarques. Você vai perceber que, apesar de seu cansaço da viagem longa, esse tempo de 27 minutos está bom até demais.

Imediatamente minha memória me retornou os resultados das buscas sobre nossos últimos perrengues em viagens internacionais. Claro, sem eu fazer esforço nenhum para que isso acontecesse, é tudo associativo. Aeroporto de Lisboa, abril de 2022, mais de quatro horas na fila de chegada, para passar no controle de passaportes. Fila quilométrica, lenta, todo mundo cansado e ansioso, alguns com risco de perder conexões (alguns perderam). Pior ainda, a burocracia é exemplar. No horário de troca de turno dos agentes, param todos os guichês de atendimento, saem todos, e daí a uns 15 minutos, os atendentes do novo turno ocupam seus lugares e a fila volta a andar. Aeroporto de Estocolmo, abril de 2023, duas horas na fila de chegada (se é que aquilo poderia ser chamado de fila, uma zona) em um espaço exíguo. Apenas dois guichês funcionando, resultado: perdemos a conexão para nosso destino, só fomos embarcar à noite (eram 10 da manhã quando conseguimos finalmente passar pelo guichê), oito horas de chá de aeroporto! Ganhamos voucher para usar o lounge da SAS como compensação. Melhorou um pouco, mas oito horas é muito tempo.

Vez por outra o vôo adianta ou atrasa, o que nos permite entrar numa fila quase vazia, com menos de 100 pessoas. Normalmente, as chegadas nos EUA são melhores, a disponibilidade de guichês de atendimento é muito grande, com alocação dinâmica. Quando percebem que a fila está muito grande, abrem novos guichês e aceleram o processo. E não tem essa história de mudança de turno como aconteceu em Lisboa. As trocas são imperceptíveis, as filas continuam no ritmo normal. Pode até demorar, mas é tranquilo. E tenho que elogiar Guarulhos, as filas andam rápido, muitos agentes disponíveis.

Para mim, os embarques são sempre piores. Principalmente para vôos internacionais. Em qualquer companhia aérea, sem exceção. Claro, para quem vai viajar da metade da aeronave para o fundo! As companhias aéreas tentam de tudo, tenho acompanhado os estudos e tentativas de melhorar essa péssima experiência para o passageiro. Teoria das filas explica muito bem a questão: o sistema é baseado em gargalo enorme na entrada, apenas uma (máximo duas) estação de checkin na aeronove, e todo mundo vai para o mesmo lugar. E ainda tem mais um problema enorme: passageiros espaçosos, que extrapolam os limites de bagagem para a cabine de vôo. Levam bolsa, mala de bordo e mochila. Apesar de a regra ser clara, apenas uma bagagem de mão por passageiro pode ir no bagageiro. Mochila adicional deve ser acomodada debaixo da poltrona da frente. Resultado: os últimos na fila de embarque não encontram espaço nos bagageiros para sua bagagem de bordo, porque ninguém respeita nada. Com um agravante de as companhias aéreas fazerem vista grossa na entrada da aeronave, esse problema poderia ser facilmente resolvido, aplicando a regra de uma bagagem de bordo por passageiro. Simples demais, é inacreditável como não funciona!

Mas é tudo inevitável, infelizmente. Faz parte da péssima experiência de viajar para outros cantos, em que o meio de transporte obrigatório seja o avião. O passageiro esperto tem que se adaptar, e nós tentamos fazer isso. Fundamental uma dose enorme de bom humor no dia da viagem. Bagagem de bordo pequena, que caiba em qualquer canto e possa ser acomodada debaixo da poltrona da frente se for necessário. Meditação, muita meditação, no dia de viajar. Alimentação restrita de preferência, evitando o jantar de bordo. Eu só como os acompanhamentos, levo barrinha de cereal para quebrar o galho. Lembrei de que somos idosos, temos um privilégio adicional na fila de entrada aqui no Brasil. Lá fora não existe isso, a regra é outra, é por necessidades especiais. Mais que isso, impossível prever, fica por conta das incertezas da vida.

Exceto, é claro, se tivermos à nossa disposição os aviões da FAB. Ou jatinhos privados, privilégio para poucos. O resto vai na galera mesmo, do meio para o fundo da aeronave…

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com) (from Viçosa, MG(Estou no GoodReads)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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