Aula da saudade, julho 2011: CONEXÕES

“Enchi a CANECA, virei na BIBLIOTECA, e em JULHO tô de BECA”

Conexões

A revolução das redes vem acontecendo há muito tempo, e somente agora essa revolução está mais visível pelas facilidades proporcionadas pela internet e seu uso disseminado. O conceito mudou um pouco, saindo do foco de redes de computadores, para redes de modo geral, de qualquer tipo e para qualquer finalidade. Para esse contexto, uma caracterização mais moderna e de que gosto mais é “A rede é um padrão organizacional que prima pela flexibilidade e pelo dinamismo de sua estrutura; pela democracia e descentralização na tomada de decisão; pelo alto grau de autonomia de seus membros; pela horizontalidade das relações entre seus elementos. Todos partilham o mesmo grau de poder, que é diluido.” Já temos disponiveis modelos gerais, obtidos matemáticamente usando técnicas de indução, que mostram que todas as redes seguem um padrão parecido, com o tempo passam a ter vida própria, assumindo até certo ponto controle sobre sua evolução. Ameaçador? pode até ser, mas é assim que o mundo atual funciona, o mundo plano, sem fronteiras e sem barreiras (em termos). E  é nesse mundo que vocês vão mergulhar em seguida, assim que receberem o diploma e forem para o mundo real.

Antigos conceitos são obrigatórios e fundamentais no século XXI. Localização, horário de trabalho, relações trabalhistas são conceitos que já foram ou estão sendo adaptados aos novos tempos do mundo plano e sem fronteiras. O trabalho passou a ser 24×7 (24 horas, 7 dias por semana), enquanto se dorme no ocidente,  trabalha-se no oriente e vice-versa. Seus relacionamentos vão definir em grande parte o rumo da carreira, da vida profissional e até da vida particular. As conexões passam a assumir um papel importantissimo, sem conexões não há como sobreviver. O trabalho tende a ser organizado como uma rede social, em que cada um contribui com o que mais sabe, e ninguém pode saber tudo. É importante ter um visão do todo, mas é muito importante ser muito bom e ter competência de execução em alguma área especifica.

Novos conceitos surgem e estão ganhando força, baseados na ideia de coletividade. Como por exemplo, o crowdsourcing que é um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias. Peça e ofereça ajuda para realizar as coisas coletivamente. Vejam o portal Connect and Develop, da Procter&Gamble, que faz a conexão entre problemas que a empresa precisa resolver com os profissionais que têm conhecimento para resolvê-los e que não necessariamente trabalham na empresa. Tudo feito via o portal, inclusive honorários em pagamento pelos eventuais serviços. Usando aqui as palavras do prof. Silvio Meira: “a rede é o lugar para você acessar quem sabe o que você não sabe e quem é capaz de executar aquilo que você não é capaz de executar”. Outro conceito é o de crowdfunding ou “vaquinha virtual”, usado para conseguir recursos financeiros de muitos interessados em investir em inovações e novos empreendimentos. Cada um investe o que pode, em algum momento a ideia consegue os recursos necessários para ser colocada na rua, todo mundo passa a ser sócio do empreendimento. O portal CriaGlobal, por exemplo, faz a conexão entre os inovadores com uma idéia e os profissionais que podem ajudar a resolve-los, na mesma linha da Procter&Gamble, só que não é especifico. Um exemplo de portal para crowdfunding é o fundo Catarse, que faz a conexão entre a sua ideia inovadora e os possiveis interessados em financiá-la no modelo de vaquinha virtual.

Algumas tendências apontadas pelas pesquisas demográficas devem ser levadas em consideração por vocês. Por exemplo, os mais jovens não consideram mais o dinheiro (salário) como o único e maior objetivo: 90% dos jovens entre 18 e 24 anos priorizam satisfação pessoal e relevância social, ascender rapidamente e ganhar muito dinheiro não é prioridade para 6 em cada 10 de 3000 entrevistados. Mais resultados da pesquisa, na mesma amostra de 3000 entrevistados: 74% gostariam de trabalhar em um lugar com mais trocas entre pessoas, 90% gostariam de ter uma profissão que ajudasse a sociedade, 62% acham que quem ganha muito tem que pensar no próximo e 41% consideram satisfação o fator mais importante no trabalho (dados extraidos da Revista Exame, Edição 994, 15/06/2011: Eles não querem só dinheiro, pag. 90-95). Eu que acompanho essa evolução, posso afirmar que muita coisa mudou, e muitos profissionais estão sendo pegos de surpresa.

Finalizando, não deixem de se atualizar sempre, conhecimento se esvai rápido na área tecnológica. Não descuidem das redes, sejam cooperativos e colaborativos, pratiquem o trabalho social voluntário quando possivel, coloquem a família em primeiro lugar sempre, o resto vem em seguida. E mais uma vez, obrigado pelo convite para a aula da saudade, que sempre aceito com prazer.

Referências

Linked, O mundo é planoEconomia da colaboração: Wikinomics,

-Esta aula da saudade foi parcialmente inspirada no artigo da Revista VocêS/A, Edição 156, Junho 2011: O poder das conexões, pag. 26-33.

-As transparências da aula da saudade estão disponiveis no SlideShare, aqui.

(este artigo foi escrito por zeluisbraga, e postado no meu blog zeluisbraga . wordpress . com) (this post is authored by zeluisbraga, published on zeluisbraga . wordpress . com)

Consultor Independente, Treinamento Empresarial, Gerência de Projetos, Engenharia de Requisitos de Software, Inovação. Professor Titular Aposentado, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Doutor em Informática, PUC-Rio, 1990. Pós-Doutoramento, University of Florida, 1998-1999

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Um comentário em “Aula da saudade, julho 2011: CONEXÕES
  1. Leo disse:

    oi Zé, o ultimo parágrafo merece ser colocado em negrito. chamou-me também a atenção o “trabalho social voluntário”. que tal incluir o trabalho voluntário profissional? já participei de algumas iniciativas e acho importante lembrar ao pessoal sobre isso. abraço, Léo

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